sexta-feira, 15 de junho de 2018

Perigos da rua


(crônica nova)

por Luciana Pinsky


Eu ainda não existia para você, mas você já existia para mim. E percebê-lo ignorando-me era ruim. Pior, no entanto, foi vê-lo concentrado em outra. Tão concentrado que parecia que poderia morrer naquele momento infeliz. Aliás, poderia mesmo, despreocupado que estava com os perigos das nossas ruas. Que desleixo, Mau!

Aquela cena feriu minhas retinas, mas também me intrigou. Quem era você? Quem é você? O destemido que eu presenciava ou um pseudoconciliador de coisas inconciliáveis? O moço certinho de fala suave que se apresentava em público ou o desvairado inconsequente ali, na minha frente? Homem de ciências ou das artes?

Pior é que eu tentava desviar os olhos para o futuro, mas só conseguia enxergar aquela cena quente, quer dizer, indecente. E a moça despudorada, não sabia que eu poderia vê-los? Não sabia que eu não queria vê-los? Não sabia que ao vê-los eu, imediatamente, me apaixonei?


Pois é, você se achava muito boa? Tanto ostentou, que dançou. Ele é meu agora. Perdeu, Patricinha!!!!!!!


(Ilustração: Thomás Camargo Coutinho - http://www.flickr.com/photos/thomastaipa/)

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