(crônica nova)
por
Luciana Pinsky
Eu ainda não
existia para você, mas você já existia para mim. E percebê-lo ignorando-me era
ruim. Pior, no entanto, foi vê-lo concentrado em outra. Tão concentrado que
parecia que poderia morrer naquele momento infeliz. Aliás, poderia mesmo,
despreocupado que estava com os perigos das nossas ruas. Que desleixo, Mau!
Aquela cena feriu
minhas retinas, mas também me intrigou. Quem era você? Quem é você? O destemido
que eu presenciava ou um pseudoconciliador de coisas inconciliáveis? O moço
certinho de fala suave que se apresentava em público ou o desvairado
inconsequente ali, na minha frente? Homem de ciências ou das artes?
Pior é que eu
tentava desviar os olhos para o futuro, mas só conseguia enxergar aquela cena
quente, quer dizer, indecente. E a moça despudorada, não sabia que eu poderia
vê-los? Não sabia que eu não queria vê-los? Não sabia que ao vê-los eu,
imediatamente, me apaixonei?
Pois é, você se
achava muito boa? Tanto ostentou, que dançou. Ele é meu agora. Perdeu,
Patricinha!!!!!!!