sexta-feira, 28 de novembro de 2008

TV

O livro pronto e a divulgação já começou. No próprio dia do lançamento, farei uma entrevista para o programa "Atitude" da TV Brasil. O tema do programa é Nunca te vi, sempre te amei e eles acharam que o Sujeito oculto tem tudo a ver com o tema. Bom, Jussara e Francisco se viram sim e muitas vezes. Mas tudo começou com uma admiração do tamanho de um trem. E dali para um jogo delicioso e perigoso de sedução escrita. E mais não conto. Quem quiser assistir, o número do canal varia. Em São Paulo, pela NET é canal 4. Mais informações no site http://www.tvbrasil.org.br/ . O programa vai ser ao vivo, dia 3, e a entrevista acontecerá às 18h15.

Nasceu!


Pois é, o livro já chegou, está comigo e é lindo. Ficou elegante, com um projeto gráfico muito interessante... Ok, sei que sou suspeita. Espero, agora, a opinião de vocês, sobre forma e conteúdo. E, ao lado, o convite para o lançamento. Será na próxima quarta-feira, 3 de dezembro, das 18h30 às 21h30 na Livraria da Vila da Fradique Coutinho (número 915).

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Francisco, mas pode me chamar de Juan Antonio

Venero cinema, adoro entrar em uma sala escura onde tudo pode acontecer e, em duas horas, sentir minha vida mudar. Na tela da minha sala, pequena, mas sobretudo isenta da sensação permanente da dúvida, não sinto o filme como um personagem. Assim, fui ver, a uma hora atrás, Vicky Cristina Barcelona com expectativa de surpreender-me com Woody Allen, o que não acontecia desde o sombrio e brilhante Match Point – com suas referências prenunciando a desgraça, sem, no entanto, tirar o mistério. E o expectador, tal qual o leitor de Lolita não sabe bem para quem torcer, apesar do “cara mau” estar evidente.

Vicky Cristina Barcelona tudo foi diferente. Eu esperava uma comédia – assim vem dito nas reportagens – mas não vi uma comédia. Sim, os diálogos que vão do espanhol (por vezes nem traduzidos em legenda) para o inglês, voltam para o espanhol, novamente o inglês podem ter lá sua graça. Mas isso nem de longe é o principal. Há humor, não comedia. Há sorrisos, não gargalhadas. Não há, também, surpresa ou pelo menos uma grande surpresa, mas há o contraponto com a sombra. A Londres sombria dá lugar a cor, muita cor, luz. Luz nas telas, nas fotos, na sensualidade das três mulheres. Mesmo nas pequenas tragédias há sol e cores.

Afinal, é verão em Barcelona. Não há desgraça que vença o verão em Barcelona. Seja para quem nunca “se encontra” (Cristina), seja para quem “se encontra” na marra (Vicky). Ah, Barcelona. As cores de Barcelona. Por certo, eu ainda não sei dizer se o filme realmente mudará minha vida. Mas tenho a dizer que me tornaria alegremente Juan Antonio (Javier Bardem). Ao menos por alguns dias. E você, consegue se ver na pele de algum personagem de cinema?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Lenta gestação


Como todo autor, estou louca para pegar meu livro nas mãos. Tatear. Ver físico, não mais virtual ou em provas, folhas soltas. Segundo a minha editora, ele já está na gráfica. E assim papel e tinta, matéria-prima de tantos, vai se tornar naquele único. Mistura de pensamento, vontade, idéias, experimentos, risos, choros, nervoso, calmaria, noites mal (ou não) dormidas. Conversas que mudaram o rumo do livro. Pois bem, estava eu pensando no livro pronto, quando brincando no google descubro que ele já está à venda. Ou melhor, em pré-venda. Isso significa que alguns sites já o oferecem, mas avisam: “disponibilidade no fim do mês”. É. Sujeito Oculto está chegando. E pensar que o escrevi há mais de dois anos. Já que o lançamento aparece em sites de busca, resolvi compartilhar a capa dele – de onde o título deste blog foi inspirado. E aí, você gostou?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

conto inédito - Nudez

(Como prometido, segue abaixo um conto inédito. Comentem!)

Nudez

por Luciana Pinsky

Peça por peça você foi tirando. Aos poucos. Devagar. Era inverno, eu de casaco, o casaco se foi. A malha, vermelha. Fora. Meia calça de lã. Preta. Foi-se. E a saia verde escura. No sofá. Você tirava e eu deixava. A blusa, colada. Chão. Até o momento em que só as peças íntimas sobraram. Quinze graus, mas eu não tinha frio. Você pedia, eu fazia. Você mesmo não tirava sua roupa. Calça, camisa. Eu cada vez mais nua. Um tanto que nem imaginava um dia ficar, sem pudor, na varanda de casa. E você pediu para eu dar uma volta. Dei. Não aqui: uma volta na rua. Rua? Até a padaria. E eu fui. Daquele jeito. Mais nua impossível. Apenas com chinelo de dedo e protetor solar no rosto, recomendação da dermatologista mesmo no frio. Ainda tentei um chapéu, mas você disse que não, que iria estragar tudo. E eu fui. As pessoas me olhavam. Umas riam. Outras desviavam a vista. Outras, ainda, ensaiavam falar comigo. Mas eu andava rápido, decidida, desafiante, e ninguém me parou. Comprei o pão e o leite que me pediu e voltei. Você não estava lá. E eu, nua, com a sacola de pão e leite na mão. Percebi-me nua com a sacola de pão e leite na mão.